Thursday, May 7, 2009

Sobre o filho do padeiro que agora habita na ancestralidade!

Este artigo é em homenagem a Augusto Boal, o pai do teatro do oprimido, falecido no dia 02 do mê de Maio corrente. Boal é um dos maiores teatrologos da actualidade, sendo sua obra comparada a grandes nomes do teatro.

Recebemos a triste noticia de que o filho do padeiro havia morrido e que sua alma levitava ao lado os anjos, num lugar desconhecido, mas almejado por todos, apenas ao alcance de pessoas com uma dimensão como a sua.

Esta noticia deixou-nos bastante intrigados. Sempre pensamos que cidadãos como Augusto Boal, a historia não concede o direito a morte! Então como seria possivel a morte ter se apossado dele.

Sempre pensamos e juramos que temos certeza que cidadãos com uma dimensão humanistica, com alto grau de integridade, de responsabilidade, cidadãos com causas bem definidas e cuja historia deu uma missão trajada de “nobleza” não morrem.

Não morrem aqueles que tem compaixão e respeito pelo semelhante, aqueles que não se deixam abater perante as adversidades impostas pelos opressores, aqueles que não se vergam perante injustiças, praticadas contra si e seus semelhantes, nem que isso signifique que devam passar dias, meses e anos em calabouços que ultrajam a dignidade humana, privados do afecto e companhia de familiares e amigos. Nem que para isso tenham que exilar-se, obrigados a sair da terra, da gente e das coisas que amam. A luta tem que ser feita por fora ou por dentro. Assim fez Boal, no seu longo exilio, mas por fim regressou onde suas raizes estão bem assentes no chão.

Não morrem aqueles que, como Boal bem disse, dedicam sua arte a vida. Estes vivem junto com seus actos e feitos, vivem em cada opressão que é quebrada por todo o lado onde se “teatroprimizam” as relacões do cotidiano. Vivem para testemunhar as transformacões que sua consciencia provoca numa sociedade dominada pela opressão e por abominaveis injustiças.

Vivem, como Boal ontem, hoje e sempre, para que haja esperança, para que abandonemos o conformismo que a alienaçao produz e a todo custo procura manter e expandir. O opressor descobriu uma arma e a usa a todo o custo. Mas Boal, mais astuto, descobriu o trunfo do opressor!

Como observou Stive Biku, um dos bons filhos da Africa, “a arma mais poderosa que está nas mãos do opressor é a mente do oprimido”. Boal sabe disso, por isso “ferramentou-se” com uma abordagem centrada no oprimido, o seu teatro é do, para, sobre, e feito pelo oprimido.

Um homem da dimensão de Boal não morre, de jeito nenhum, ele transita para um novo plano puxado pela correnteza de nobres missões. Transita para a ancestralidade, apenas acessivel a aqueles cuja historia e biografia não concede o castigo de viver no escuro e conformismo da morte.

Boal vive na luz, na esperança, no sorriso que queremos que baile no rosto das crianças por viverem num mundo sem injustiças e descriminações. Vive Boal na certeza de que sua, nossa luta é para expandir a aqueles cujos opressores teimam em manter na distorção da caverna.

A familia Boal um forte abraço carregado de carinho e calor da Africa.
Ao pessoal do CTO-RIO: os momentos dificies dignificam a nossa trajectoria, e a qualidade de nossas vitorias. Esta missão é para levar pra frente.

Ate sempre filho do padeiro da Penha!

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